SBI alerta para uso racional de antibiótico na comemoração do Dia do Infectologista de 2011

A campanha que comemora o Dia do Infectologista de 2011, na data de 11 de abril, tem como tema “Receita de antibiótico: agir hoje para garantir o amanhã”. O objetivo da SBI é ampliar a consciência da classe médica e população quanto à importância do uso racional de antimicrobianos como parte da estratégia para reduzir a crescente resistência bacteriana aos medicamentos. Preocupada com essa situação, a Sociedade já havia trabalhado esse tema na comemoração da data em 2008, com o slogan “Antibiótico necessita de prescrição médica”.

A campanha deste ano visa reforçar a estratégia da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) de obrigatoriedade da retenção e escrituração da receita médica para a venda de antibióticos em farmácias e drogarias de todo país, em vigor desde o final de novembro do ano passado. A medida é fruto da resolução RDC nº 44 (26/10/2010) que estabeleceu maior rigor ao comércio de cerca de 90 antibióticos, sendo que a prescrição deve ser feita em duas vias e a validade da receita é de dez dias.

Segundo a mesma resolução, até o final de abril de 2011 as embalagens e bulas também terão que mudar e incluir a seguinte frase: “venda sob prescrição médica – só pode ser vendido com retenção da receita”. Esse é o prazo final para que farmácias e drogarias concluam a adesão ao processo de escrituração das receitas, registrando a venda no Sistema Nacional de Gerenciamento de Produtos Controlados (SNGPC).

A automedicação com antibióticos sempre foi uma prática disseminada entre a população brasileira, sendo comum o uso inadequado do medicamento, com várias consequências tanto para o paciente quanto para a comunidade. “O uso de antibióticos com doses e indicações inadequadas a diferentes situações clínicas favorece a seleção de cepas resistentes que podem disseminar de maneira incontrolável”, pondera a infectologista Flávia Rossi, do Hospital das Clínicas da FMUSP, e integrante do Comitê Científico de Bacteriologia Clínica da SBI.

Segundo ela, esse comportamento contribui para o aumento da resistência bacteriana e sua ampla disseminação na comunidade, afetando sobremaneira o trabalho de controle de infecções nos serviços de saúde, especialmente em hospitais. Na opinião da especialista, “a prescrição controlada é, sem dúvida, um passo importante, mas apenas o primeiro entre outras medidas necessárias para o controle da infecção hospitalar”.

Na opinião da infectologista Ana Gales, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), a medida da Anvisa é o primeiro passo para que se possa discutir qual o impacto do uso de antimicrobianos no desenvolvimento da resistência bacteriana. “A capacitação dos profissionais de saúde, principalmente médicos, e o aprimoramento das condições de atendimento também são necessárias”, indica a médica, que coordena o Comitê Científico de Bacteriologia Clínica da SBI.

Embora acreditem que a medida seja favorável à população, as especialistas avaliam que a sociedade não foi devidamente esclarecida sobre os riscos do uso inadequado dos antibióticos. Elas recomendam ações educativas permanentes sobre o tema para diferentes segmentos – da população em geral aos profissionais de saúde – sobre quando e como usar esse tipo de medicamento.

Soluções

Para preservar o arsenal antimicrobiano disponível no momento, Ana Gales recomenda a redução do consumo de antimicrobianos, sem aumentar a mortalidade dos pacientes que apresentam infecções por bactérias resistentes. “Não podemos deixar de prescrever antimicrobianos de amplo espectro. Porém, devemos trabalhar duro para aprimorar o diagnóstico das infecções respiratórias e urinárias, evitando o uso em situações desnecessárias”.

Segundo ela, diminuir o tempo da terapia visando menor pressão seletiva e implementar medidas de prevenção que evitem a transmissão de bactérias entre os pacientes e a disseminação entre os hospitais são medidas de fundamental importância.

Na avaliação da infectologista Flávia Rossi, o uso racional de antibióticos deve ser considerado um problema de todas as especialidades médicas que lidam com processos infecciosos. “A divulgação de informações locais da epidemiologia bacteriana, aliada a um serviço laboratorial com microbiologistas capacitados, são sem dúvida pontos críticos para um projeto conjunto que vise minimizar a resistência e preservar as drogas que ainda estão disponíveis no mercado”, recomenda.

Ana Gales acredita que os desafios extrapolam a área médica e envolvem outros setores da sociedade. “Estudos que avaliem o impacto para saúde pública da presença de antimicrobianos no meio-ambiente são necessários para avaliar a necessidade ou não de controle ambiental”, aponta. Segundo ela, medidas complementares envolvem o controle do uso de antimicrobianos na agricultura e veterinária e até mesmo maior controle da circulação de pessoas doentes em viagens internacionais e de alimentos importados.

A realidade brasileira atual é bastante crítica e com uma epidemiologia de bactérias multirresistentes preocupante em diferentes serviços de saúde, esclarece Flávia Rossi. Segundo a especialista, o país deveria compor “com urgência” um comitê multidisciplinar para discutir a questão, envolvendo representantes de especialidades como microbiologia, infectologia e patologia clínica, além de profissionais de análises clínicas, farmácia e da indústria. “É preciso definir políticas que abordem de maneira conjunta as indicações, posologias e padronização dos testes de sensibilidade in vitro para os medicamentos antimicrobianos”.

Fonte: SBI


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